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Mães Livres: a maternidade invisível no sistema de justiça

Relatório traz dados colhidos na Penitenciária de Pirajuí, SP, sobre perfil e condições de mães e gestantes encarceradas

Este relatório sistematiza informações produzidas durante o projeto Mães Livres, que promoveu o atendimento a mulheres na Penitenciária de Pirajuí, SP, visando garantir o efetivo cumprimento do Marco Legal de Atenção à Primeira Infância, sancionado em março de 2016.

Em fevereiro de 2018, o Marco Legal fundamentou uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que concedeu habeas corpus coletivo a todas as mulheres presas preventivamente que se enquadravam nas hipóteses da lei e respondiam por crimes sem violência.

No projeto, a equipe e os/as voluntários/as do IDDD entrevistaram 196 mulheres e 56 delas receberam atendimento jurídico. O objetivo era pleitear a liberdade ou garantir a prisão domiciliar para essas mulheres.

A invisibilidade da maternidade foi o que mais chamou atenção durante a análise dos inquéritos policiais e processos criminais. Mesmo após os avanços legislativos desde 2016, que expressamente determinam a atenção e a necessidade de registro de informações referentes à maternidade, a inexistência desses registros foi a regra.

Foram identificadas duas dimensões dessa invisibilidade: a primeira delas é a ausência de informações sobre a maternidade nos documentos policiais. A segunda é a seguinte: nos documentos em que há registro sobre o tema, operadores de Direito ignoram deliberadamente a informação.

Em 2019, 63% das mulheres presas no país eram negras e apenas 34% delas têm mais que o ensino fundamental completo. A grande maioria, 64%, respondia por tráfico, um crime sem vítimas e sem violência. Na outra ponta da punição, crianças que precisam das mães para seu desenvolvimento pleno.

Segundo dados de junho de 2017 do Ministério da Justiça, 38 mil mulheres estão atrás das grades, número que cresceu 193% desde 2005. Mais de 40% ainda não foram condenadas e 64% respondem por crimes relacionados ao tráfico. Entre os homens, a taxa é de 29%. Ainda, 63% das mulheres presas no país são negras e apenas 34% delas têm mais que o ensino fundamental completo.

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