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“Educação para Cidadania no Cárcere” para ELAS, por ELAS

Novo módulo do curso será realizado em unidade prisional feminina e terá como foco discutir questões relacionadas ao cotidiano das mulheres encarceradas, com apoio do voluntariado feminino. Associadas interessadas em participar do projeto devem inscrever-se até o dia 15/03

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Entre os meses de abril e junho, o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) realizará mais uma edição do “Educação para Cidadania no Cárcere”, curso oferecido em penitenciárias e centros de detenção provisória que busca transmitir às pessoas privadas de liberdade noções sobre seus direitos e garantias fundamentais. O próximo módulo do projeto, cujo objetivo é impulsionar a consciência cidadã, fornecendo ferramentas ao pleno exercício do direito de defesa, acontecerá na Penitenciária Feminina de Santana e será focado especialmente na problemática das mulheres encarceradas, contando exclusivamente com o trabalho voluntário das associadas do Instituto.

“Essa edição será feita para mulheres e por mulheres”, explica Daniella Meggiolaro Paes de Azevedo, diretora do IDDD responsável pelo projeto. “Será a primeira vez que estruturamos o curso dessa forma, buscando desenvolver o debate sobre cidadania e ao mesmo tempo problematizando a questão de gênero dentro do cárcere”. O associado coordenador do projeto Bruno Salles Pereira Ribeiro conta que a iniciativa foi idealizada tendo em vista o aumento da população carcerária feminina, atualmente composta por 37 mil mulheres encarceradas, das quais 68% são negras, de acordo com o último Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN), com dados referentes a junho de 2014. Nos últimos 15 anos, o número de mulheres encarceradas cresceu 567%, enquanto o crescimento geral da população carcerária foi de 119% no mesmo período. “Atentos a esses índices, adaptamos a iniciativa para atender às particularidades dessa população prisional, como gestação e amamentação, estado de filiação e guarda dos filhos, direitos da mulher presa etc.”

O curso contará com 16 encontros de formação, realizados duas vezes por semana, nos quais as associadas serão responsáveis por ministrar as aulas, sob coordenação da pedagoga Carolina de Freitas. O conteúdo engloba temas como organização e funcionamento do Estado, direitos e garantias individuais, processo e execução penal, ética e moral, cultura e mídia, além de assuntos de interesse das participantes. O objetivo é criar um diálogo crítico levando em consideração questões de gênero, sexualidade, preconceito racial e feminismo, baseando-se no referencial das presas para a construção coletiva do conhecimento, assim como prevê os ensinamentos do educador, pedagogo e filósofo Paulo Freire.

Antes no início das aulas, no dia 17 de março, a partir das 18h30, está prevista a realização de um Workshop de formação, capacitação e aperfeiçoamento pedagógico para as associadas interessadas em atuar voluntariamente no projeto. No encontro serão debatidos junto a especialistas a metodologia pedagógica do curso, bem como os aspectos que marcam o encarceramento feminino e será promovido Diálogos sobre racismo, gênero e sociedade: uma reflexão sobre identidade e estruturas de poder. Confira abaixo a programação:

  • Mulher negra e o sistema prisional
    Allyne Andrade e Silva – Advogada. Membro da Associação de Mulheres Negras Aqualtune, mestre e doutoranda em Direitos Humanos pela Universidade de São Paulo (USP), coordenadora de Educação no Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM).
  • Gênero, identidade e sexualidade
    Léo Barbosa – Militante de Direitos Humanos. Militante e coordenador do setorial do Grande ABC pelo Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (IBRAT). Graduando em Ciências Jurídicas.
  • Racismo institucional: impacto na saúde mental das mulheres encarceradas
    Lidiane Araújo – Psicóloga e psicoterapeuta, especialista em Saúde Pública. Graduou-se pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atualmente trabalha no Núcleo de Apoio a Estratégia Saúde da Família (NASF), na atenção básica, no município de São Paulo.  Trabalhou em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, na mesma cidade, com discussões nas áreas de saúde mental e álcool e outras drogas. Colaboradora do Subnúcleo Psicologia e Relações Raciais, da Comissão de Terra/Raça e Etnia do Conselho Regional de Psicologia/SP e no Instituto AMMA Psique e Negritude.
  • O mercado de trabalho como produtor e reprodutor da exclusão social
    Maitê Lourenço – Psicóloga, especializada em Neuropsicologia pelo Centro de Diagnóstico Neuropsicológico (CDN) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Profissional de Recursos Humanos há 12 anos, atuante no empoderamento da população negra por meio de orientações à carreira profissional e pela psicoterapia. Membro do Grupo de Trabalho de Psicologia e Relações Raciais do Conselho Regional de Psicologia da sede de São Paulo (CRP SP/06).
  • Escola como fator de exclusão social
    Tatiane Pereira de Souza – Pedagoga. Congadeira do Terno de Congada Chapéus de Fitas. Doutoranda do Programa de Ciências Sociais na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), com bolsa CAPES. Mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde atuou como Professora-Orientadora do Curso de Especialização em Educação para as Relações Étnico-Raciais (NEAB/SEaD/UFSCar). Atua como Professora nos cursos de Especialização e Extensão do Processo Formativo em Educação Ambiental: Escolas Sustentáveis e Com-Vida da Universidade Federal de Ouro Preto (CEAD/UFOP). Também atuou no curso de Africanidades, História e Cultura Africana e Afro-Brasileira da Faculdade Anhanguera. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Extensão atuando principalmente em instituições públicas e privadas nos seguintes temas: culturas, educação, diversidade, congada/congado, formação de professores, relações étnico-raciais e educação ambiental.

No workshop ainda será definido o cronograma de execução do curso, sendo que cada associada voluntária será responsável por ministrar uma aula. As interessadas no projeto devem inscrever-se no workshop até o dia 15 de março, pelo e-mail iddd@iddd.org.br.

Esta edição especial do Educação para Cidadania no Cárcere, dedicada às mulheres, conta com o inestimável apoio financeiro de Dora Cavalcanti, ex-presidente e atual conselheira do IDDD.

Serviço:
Workshop de formação, capacitação e aperfeiçoamento pedagógico: “Educação para Cidadania no Cárcere”
Data: 17 de março (quinta-feira), às 18h30
Local: IDDD – Avenida da Liberdade, 65, Conj. 1101
Inscrições: iddd@iddd.org.br (até 15/03)
Informações: (11) 3107-1399

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